O concurso OPERA PRIMA avalia, com abrangência nacional, os trabalhos finais de graduação em arquitetura e urbanismo dos formandos de 2009.
O projeto CREMATORIUM, de minha autoria e orientação de Ronaldo A. Ströher foi selecionado entre os 25 finalistas. No dia 03 de agosto de 2010 ocorreu a premiação sendo que 5 dos finalistas receberam o prêmio opera prima e os demais receberam menção honrosa.
O nível dos 25 trabalhos apresentados estava muito equilibrado de modo que mesmo não recebendo o prêmio principal me senti satisfeito com a classificação. Deixo aqui o sincero agradecimento aos familiares, professores, amigos e colegas que auxiliaram na minha graduação a qual se encerra com uma expressiva premiação.
O crematório é considerado um equipamento urbano que traz um forte simbolismo. Simbolismo que nos agride com lembranças de perda, dor emocional e saudade pelos que se foram. Sentimentos que são desagradáveis, porém são necessários para lembrarmos que há um ciclo e que nossa presença não é eterna. Deste modo, a vida ganha valor e nos torna iguais, finitos e passageiros. O crematório tem a finalidade de ser um instrumento capaz de lembrar, consolar e respeitar o momento de sentimentos difíceis para que as pessoas perdidas continuem a viver na memória.
O projeto necessitou de um terreno que facilitasse o acesso regional para potencializar a abrangência do crematório. Além disso, buscou-se um ambiente calmo e retirado da zona urbana onde as visuais prevalecessem. A solução foi um terreno na cidade de Estrela-RS, cidade pouco densa e com uma posição estratégica na região do Vale do Taquari.
O lote conta com 100.159,09m² e a amarração do projeto optou por utilizar-se das curvas de níveis existentes para dar forma ao volume base da proposta. A base serve como acesso, estacionamento e serviços além de agregar a monumentalidade que o elemento prismático branco necessitava para criar seu drama. O prisma, em concreto branco, separa-se em dois, simbolizando os antagonismos de vida e morte, material e espiritual. Cada elemento resultante adquire uma função distinta. O bloco menor é utilizado para serviços de atendimento e administração enquanto que o bloco maior agrega as funções públicas, como capelas, sanitários e bar/café.
Entendendo que um crematório serve como um memorial, o projeto atende a função com uma praça dos cinerários. Local onde ocorre o resguardo das urnas com as cinzas, em totens que permitem a permanente visitação e homenagem póstuma ao falecido. Também dispõe de uma plataforma cerimonial de despedidas, onde podem ocorrer as manifestações de dispersão das cinzas em uma área junto à natureza. No trajeto, passa-se por uma escadaria que representa uma penitência e um último sacrifício. É um momento de união e amparo onde os familiares mais próximos necessitarão de auxílio. Na descida, há o memorial dos mortos, uma parede onde serão gravados os nomes das pessoas dispersas no campo para servir como um registro onde a pessoa que se foi poderá ser sempre lembrada.
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